Desespero

Lá estava eu, sozinha mais uma vez. As flores morriam nos vasos, os bombons derretiam sobre o balcão em frente à geladeira e os pequenos bilhetes espalhados pela casa, caiam ao chão perdendo sua cola.
Andar por essa casa agora se tornou terrível, cai sobre meus joelhos em meios os pedaços das fotos que rasguei no desespero. A musica na rádio era alegre, a banda assando na rua anunciava o fim do carnaval, mas para mim era o inicio do fim, aquele som era como uma marcha fúnebre enterrava ali o que passei, o que senti, o que vivi.
Foram dias felizes, meses gloriosos, meus olhos brilhavam quando te viam. Encontrávamos-nos todos os dias na mesma esquina, no mesmo horário. Eu te admirava, cobiçava, desejava... e por dias tive o gostinho de te ter em mim, perfeitamente ajustado em meu corpo.
Como todos os dias, fui ao seu encontro, mas algo estava errado. Eu estava lá, no mesmo lugar, como sempre ansiosa por ver-te, porem, você não estava. Olhei em todos os lados, em todos os cantos e não pude te encontrar. Desesperada, resolvi perguntar por você e quase desmaiei quando a vendedora me disse que haviam comprado o vestido que eu tanto queria.

Lidia Herdeiro